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Mulheres em STEM: Ações para um Futuro Equitativo e Igualitário

Como promover o acesso de mais mulheres à educação técnica e às carreiras STEM. Autoras: Alhelí Ávila, Mónica Martínez e Belén Torres.

Nota

Ações educativas para a formação em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) de meninas e adolescentes são fundamentais para o desenvolvimento da juventude e das sociedades. Em 2024, na América Latina, mais de 232 milhões de pessoas são adolescentes e jovens, representando 22% da população total. Contudo, fatores socioeconômicos, gênero, etnia e nível educacional geram desigualdades significativas na saúde, segundo a OCDE [1].

Há evidências de que ser mulher também altera o tempo de transição para o mercado de trabalho [2]. Primeiros achados de pesquisa indicam que as mulheres demoram mais para ingressar no mercado de trabalho do que seus pares homens [3]. Isso se deve à descrição de papéis sociais atribuídos às mulheres e ao processo de fecundidade, que é mais frequente durante o período de estudos, levando à interrupção de sua trajetória educativa.

O desenvolvimento de habilidades STEM é crucial para fomentar a inovação, o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável. Essas habilidades estão cada vez mais demandadas no mercado de trabalho, oferecendo às jovens maiores oportunidades de emprego de qualidade e melhores salários, contribuindo assim para reduzir a disparidade de gênero nesse campo.

Apesar de sua importância, os esforços na América Latina para promover a formação em STEM de meninas e adolescentes no ensino médio e técnico são insuficientes. Em 2020, apenas 2,2% das mulheres ocupavam empregos relacionados ao STEM [4], resultante de fatores individuais, familiares, escolares e sociais. Com base em dados da UNESCO, identificam-se quatro fatores para a escolha de carreiras orientadas à formação STEM e/ou Técnico‑Profissional [5]: “a orientação vocacional com enfoque no ciclo de vida; aspectos culturais, papéis e estereótipos de gênero; fatores econômicos; e a falta de capacitação dos docentes” [5].

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Nos Programas Educativos Roberto Rocca para nível médio superior (ensino médio técnico) e suas comunidades, implementam-se iniciativas que contribuem para o desenvolvimento e definição precoce da vocação e formação STEM, colaborando na diminuição das lacunas e estereótipos de gênero e motivando a inclinação positiva às áreas de matemática, a fim de formar mulheres preparadas e comprometidas como demanda a indústria. Para reduzir as lacunas de evasão escolar por falta de recursos — que no México chega a quase 27% — somam-se ações complementares como alimentação, entrega de equipamentos de proteção individual e suprimentos para oficinas e atividades extracurriculares para toda a população. Além disso, para alunas e alunos com melhor desempenho acadêmico em contextos vulneráveis, são oferecidas Bolsas Roberto Rocca.

Foto GT MX

Na Rede de Escolas Técnicas Roberto Rocca, ao longo dos anos, desenvolvem-se estratégias para promover o interesse e a participação em áreas STEM de meninas e jovens das comunidades próximas. Entre as mais relevantes:

Modelos inspiradores em STEM: as professoras se tornam figuras inspiradoras para as alunas. Caso como o de Ilse Colín, professora e coordenadora de STEM, que desde sua entrada na Rede impulsiona as vocações científicas das alunas e co‑desenhou, com outras instituições, o programa de verão de pesquisa. Da mesma forma, Tania Guerrero, professora e coordenadora de Matemática, inspira as jovens com seu exemplo: engenheira de formação, participou em julho de 2024 de um programa intensivo de Física de Partículas no CERN, em Genebra — tornando-se embaixadora no México para aproximar mais jovens das ciências, especialmente da física — e elaborou estratégias inovadoras para melhorar a compreensão da matemática através da arte. Outro exemplo é Diana Camacho, professora de Ciências na Escola Técnica Roberto Rocca de Pesquería e no Aula Extra Roberto Rocca (nível secundário), que impulsiona e orienta projetos de impacto social e industrial com metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos, fazendo com que as alunas proponham soluções alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e participem com elas em Feiras de Ciência no México. E, por fim, Kelian Alcocer, líder de oficinas STEM, criou diversas atividades estudantis — desde arte biológica até oficinas de impressão 3D — e coordenou ações a favor da ecologia e cuidado com o meio ambiente.

Belén Torres, foi professora por sete anos na Escola Técnica Roberto Rocca de Campana, Argentina, e atualmente trabalha na Educabot, empresa de tecnologia e robótica educacional. Há sete anos cofundou a Roboteam com um grupo de voluntários, onde, através de oficinas de robótica para meninas e meninos, impactou mais de 5.000 pessoas no país— promovendo educação STEM de forma inclusiva e acessível. Esse tipo de programa não só introduz os jovens ao mundo da tecnologia, mas também combate estereótipos de gênero e motiva as jovens a considerar carreiras em áreas tradicionalmente dominadas por homens. Além disso, iniciativas similares começam a mostrar aumento da participação feminina na educação técnica secundária, o que indica uma mudança positiva para maior inclusão nesses setores.

Promover uma educação mais inclusiva e apoiar iniciativas educativas das professoras da Rede são passos chave para garantir que mais meninas descubram e se comprometam com o mundo da tecnologia. Esses avanços não beneficiam apenas as jovens dando-lhes novas oportunidades, mas também enriquecem o panorama tecnológico com seu talento e criatividade.

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O Trajeto Diversidade de Gênero do Programa Gen Técnico Roberto Rocca tem o objetivo de “fomentar o acesso e a retenção de mais mulheres a uma educação técnica de qualidade, e sua transição efetiva para o mercado de trabalho; aumentar a graduação de mulheres em carreiras técnicas industriais e que, ao se graduarem, sejam inseridas com sucesso no mundo do trabalho e/ou continuem seus estudos em carreiras profissionais STEM.” Durante o ano letivo 2023–2024, realizou-se a primeira implementação desse trajeto em Pesquería, Nuevo León, México, com estudantes do CECyTE Nuevo León — escola participante desse programa, onde 49% do total da população são mulheres e 35% estudam carreiras técnico‑industriais em Mecatrônica, Manutenção Industrial e Eletromecânica — superior aos ~30% de alunas no mesmo nível escolar a nível nacional. Durante o ciclo, foram oferecidos seis oficinas e uma visita ao Centro Industrial Ternium em Pesquería, permitindo que referências acadêmicas e industriais aproximassem as alunas de informações, experiências e casos reais da indústria para promover o acesso e retenção de mulheres na educação técnica.

Outras ações de grande relevância para a Rede de Escolas Técnicas Roberto Rocca incluem:

  • Mulheres na Ciência: atividades e conferências conduzidas por pesquisadoras de universidades e centros de pesquisa em áreas STEM.
  • Oficinas de Robótica: lideradas e ministradas por estudantes para mais de 1.000 meninas de ensino fundamental e médio em Pesquería, com o objetivo de despertar o interesse em STEM desde a infância.
  • Comitê Feminino: contribui para promoção, desenvolvimento, empoderamento e bem-estar das adolescentes, por meio de atividades sociais para a comunidade.
Belen Y Estudiantes

Ademais, dentro das intencionalidades pedagógicas das unidades que trabalham com PBL, o pensamento de gênero em matemática — incorporação de uma perspectiva de gênero no ensino, aprendizagem e avaliação da matemática — acompanha os estudantes para que considerem o gênero como variável de análise no desenvolvimento de projetos acadêmicos, promovendo inclusão.

Como parte fundamental do desenvolvimento de competências técnicas, os estudantes dos ensinos técnicos de nível médio que participam dos Programas Educativos Roberto Rocca realizam práticas profissionais na indústria ou serviço social em áreas STEM. Isso permite às escolas compartilhar com a indústria suas fortalezas e oportunidades de melhoria, contribuindo para aprimorar a experiência das alunas nas empresas onde estagiam.

As alunas da Rede Rocca fazem práticas profissionais em diferentes centros industriais (entre eles, nas plantas da Ternium e Tenaris, que pertencem ao Grupo Techint), assumindo papéis de liderança em projetos historicamente ocupados por homens. As alunas completam até 1.000 horas de prática, adquirindo novas ferramentas e maior experiência ao se graduarem, aumentando suas chances de acesso a empregos de qualidade e melhor remuneração após a conclusão dos estudos.

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A prática técnica no modelo dual da Ternium México iniciou em agosto de 2024, com duração total de 10 meses no último ano escolar, e esquema de dois dias por semana na planta industrial trabalhando em projetos técnicos formativos; dois dias de formação em segurança industrial, assuntos técnicos e habilidades socioemocionais; e um dia na escola assistindo às atividades acadêmicas — fortalecendo competências técnicas em constante articulação entre teoria e prática. Da população estagiária, 50% são mulheres, em linha com a política de igualdade e inclusão da Ternium, promovendo uma conexão entre educação e trabalho que ultrapassa a necessidade de obter emprego remunerado, pois as práticas técnicas contribuem de forma chave para desenvolver uma sociedade mais igualitária e inclusiva [1].

A inclusão de mulheres na STEM é essencial não apenas para alcançar representação equitativa, mas também para enriquecer o campo com uma diversidade de perspectivas que podem conduzir a inovações mais completas e eficazes. As mulheres têm demonstrado ser agentes de mudança na tecnologia e na ciência, trazendo abordagens únicas e soluções criativas para problemas complexos desde épocas antigas. Porém, para que essas contribuições se tornem realidade, é essencial continuar fomentando e visibilizando vocações STEM desde cedo.

 

Referências

[1] OECD, CAF Development Bank of Latin America, & Economic Commission for Latin America and the Caribbean. (2016). Perspectivas económicas de América Latina 2017: Juventud, competencias y emprendimiento. OECD. https://www.oecdilibrary.org/docserver/leo-2017-7-es.pdf?expires=1727371989&id=id&accname=guest&checksum=619A7FFD96406E17BDAD2947AE0A2BBE

[2] Sayre, E., y Daoud, Y. (2010). Labor market regulations and unemployment duration in Palestine (ERF Working Paper Series No.c579). Giza: Economic Research Forum.

[3] Manacorda, M., Rosati, F.C., Ranzani, M., y Dachille, G. (2017). Pathways from school to work in the developing world. IZA Journal of Labor y Development, 6(1), 1-40.

[4] Vaca, T. I. (2019). Oportunidades y desafíos para la autonomía de las mujeres en el futuro escenario del trabajo. Cepal.org. https://repositorio.cepal.org/server/api/core/bitstreams/edc6e8c4-d873-4ad7-a069-1a4a260ca8c1/content

[5] Movimiento Stem+. (2023). Informe sobre la brecha de género en STEM en la formación Técnico Profesional (EFTP) en México. https://www.unicef.org/mexico/media/7826/file/Informe%20sobre%20la%20brecha%20de%20g%C3%A9nero%20en%20STEM%20en%20M%C3%A9xico.pdf

BIOS

  • Alhelí Ávila
  • Pedagoga com mestrados em Educação e Empreendedorismo Educacional. Comprometida com educação integral de qualidade para solucionar desafios sociais por meio de propostas dinâmicas, lúdicas, criativas e assertivas. Com 18 anos dedicados à formação e avaliação docente e ao desenvolvimento de programas de educação técnica industrial. Certificada em Disciplina Positiva, Design Thinking e Dimensions of Success da PEAR Harvard. Mulher ativa e extrovertida, com visão contínua de desenvolvimento e adaptação, baseada na inteligência social. Atualmente, é coordenadora do Programa Gen Técnico Roberto Rocca na Ternium México, atuando no desenvolvimento de mais de 1.000 estudantes anualmente.
  • linkedin.com/in/alheliavila
  • Email: cavilal@ternium.com.mx

 

Mónica Martínez
  • Química Industrial com mestrado em Ciências da Engenharia Mecânica e especialização em Materiais. Com mais de 10 anos de experiência em docência e pesquisa em metalurgia, tecnologias CAD/CAE e impressão 3D, possui patentes e publicações em processos de fundição e moldagem. Como Vice‑Diretora Acadêmica da Escola Técnica Roberto Rocca no México, está comprometida em transformar a educação por meio de metodologias inovadoras que promovem o aprendizado profundo e o desenvolvimento integral dos estudantes.
  • linkedin.com/in/mony-martinez
  • Email: mmartihe@etrr.edu.mx

 

Belén Torres
  • Mentora e palestrante com mais de sete anos de experiência em educação tecnológica. Cofundadora da Roboteam, apaixonada por robótica, inteligência artificial e empreendedorismo, atualmente trabalha na Educabot, uma empresa de tecnologia e robótica educacional. Seu objetivo é transformar a educação e fomentar vocações STEM nos jovens, impactando por meio de oficinas e conferências de âmbito internacional.
  • Belén Torres | LinkedIn

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